15.1.18

Super Nanny

Não consegui ver a Super Nanny no horário em que passou porque estava a ser mãe. Entre banho, jantar, preparar as roupas para amanhã, deitar a minha filha, preparar a lancheira... só me consegui sentar a ver este programa há pouco. Já percebi que está a ser polémico e há opiniões muito divergentes. Cá fica a minha opinião.

Ao ver a Margarida não pude deixar de ver ali muitas características da minha própria filha. A diferença é que a Maria Victória tem 3 anos e a Margarida tem 7. Acredito que, tal como a Maria Victória, a Margarida não seja sempre assim. São momentos que desembocam em birras. No meu caso pessoal, sei que as birras são totalmente culpa minha. Passo muito tempo com a Maria Victória, sou muito ocupada e é mais fácil ceder às suas exigências. O pai da Maria Victória é muito ausente e faz com que quase tudo recaia sobre mim. É cansativo e nem sempre tenho tempo e disposição (admito!) para me impor como deveria e como ela deveria. Depois, as crianças sabem o quanto as amamos e usam isso a seu favor. Fazem chantagem emocional e as mães, quais idiotas, cedem. Eu, que até sou educadora, no papel de mãe esqueço todas as correntes de pedagogia que estudei e todas as estratégias que defendi e sou como a maioria das mães: um coração de manteiga.

Então, vamos lá às questões polémicas:

- privacidade da criança - É verdade que me custou ver uma criança exposta num momento de fragilidade. Estava cheia de pena da menina... Claro que poderá ser embaraçoso no futuro, mas também poderão ser as fotos que partilhamos em redes sociais com determinadas roupas ou penteados... o que os vai envergonhar no futuro só dependerá deles. E, em última análise, foi uma decisão da mãe e, acredito, do pai. Podem tem decidido que o embaraço era menos importante do que resolver esta problemática.

- o programa - Vivemos na era da Reality TV. Há programas de tudo e mais alguma coisa. Tal como dizia o Andy Warhol, todos vão ter os seus 15 minutos de fama. Já lá estamos. Este programa é mais um que tem como estrelas as crianças, como o Masterchef, os Extraordinários, Uma canção para ti... Esses miúdos também não serão gozados na escola? É mesmo preciso aparecer na TV para se sofrer de bullying? Se Margarida fizesse uma birra na escola ou no supermercado e um amigo visse, não seria igualmente gozada?

- a mãe - A mãe está sozinha com a filha, não parece ter companheiro e dedica-se exclusivamente à miúda. Vai buscar à filha o afecto que provavelmente não tem. É muito fácil cairmos nesse erro. Dormem juntas, a menina é muito meiga, a mãe não se consegue impor quando a menina se porta mal, a mãe trata a criança de 7 anos como um bebé, fazendo-lhe tudo! A mãe, tal como eu, também fala de mais. Ameaça muito e não faz nada. A filha já nem quer saber. Quem precisava de uma intervenção urgente era a mãe. A mãe também é mulher e precisa de recuperar esse lugar também em casa quando está com a filha.

- a avó - A avó só faz o que fazem os avós. Não há problema nenhum em mimar excessivamente os netos. O que não pode acontecer é desautorizar a mãe e a mãe não se impor. Muito menos com uma avó tão presente, ou seja, isso está sempre a acontecer e tem os efeitos que se viram na Margarida.

- os métodos - Sinceramente, os métodos não me chocaram absolutamente nada. Excluiu-se em absoluto as palmadas e insistiu-se no reforço positivo e no elogio. Até gostei do banquinho. Durante a birra é importante que eles tenham tempo para se acalmar. Sem os berros da mãe, sem a mãe, um tempo sozinhos. Não percebi bem quanto tempo seria, mas se for pouco tempo só me parece bem. Cartões, pontos, seja lá o que for... os miúdos gostam de ganhar. Qual o mal de usar isso a nosso favor e levando-os a fazer tarefas básicas do dia-a-dia? Vai chegar o dia em que já nem vão ligar aos incentivos e as tarefas já entraram na rotina.

- o sono - a mãe queria ou não queria dormir com a filha? Pessoalmente, dormir sem a minha filha comigo é muito melhor. Ao fim de quase 4 anos a fazê-lo, desespero por uma noite na minha cama. A diferença é que a minha filha dorme sempre na cama dela, eu fico com ela até adormecer e regresso se ela me chama (tem uma cama de casal e até nem é muito mau). Fá-lo cada vez menos, por isso o desmame está quase feito. Vai ser natural e vai acontecer quando ela também estiver pronta para isso.

Depois disto tudo, há a velha questão das crianças se comportarem pior com a mãe. Ficam mimadas, caprichosas, chantagistas, infantis. É cansativo! E as mães precisam de ajuda! Há tanto investimento em aulas de preparação para o parto e esquecem-se do que vem a seguir. Parir e criar a minha filha nos primeiros meses foi incomparavelmente mais fácil do que o que vivemos agora. Educar uma criança é exponencialmente difícil. É sempre a piorar. E os pais precisam de mais apoio e orientação.

Pessoalmente, quero agradecer aos pais e às crianças que se expõem no programa porque não se estão a ajudar apenas eles, mas a todos nós. Cada família é uma família, só nós conhecemos a dinâmica da nossa própria família e cabe-nos a nós usar esta informação e experiência da melhor maneira possível e sempre em benefício da criança.

Aguardo com expectativa os próximos programas.

10.1.18

Amigos imaginários

Nos últimos tempos, a Maria Victória tem-me falado nas suas amigas Bibi e Gabi. Não são da sala dela, mas pensei que fossem da escola primária ao lado do Jardim de Infância ou do Karate, já que não sei os nomes de todos. Não são. São amigas que ela inventou. Da primeira vez não valorizei porque a minha filha brinca muito de faz de conta, é muito criativa e fabrica situações e personagens. No entanto, ela arranja sempre maneira de trazer a Gabi e a Bibi para a conversa.

Hoje resolvi perguntar-lhe mais coisas sobre as suas amiguinhas. A Bibi tem 4 anos e a Gabi tem 6 anos. Não são irmãs, são amigas e vivem no Algarve. A Maria Victória conheceu-as na casa delas, mas elas também costumam vir cá a casa. Aliás, é quando estão juntas.

Não deixa de me assustar um pouco esta conversa, até porque vivemos numa casa com mais de 200 anos, cheia de história e, acredito, com muitos habitantes... Spooky, right?

De qualquer das formas, parece que esta coisa dos amigos imaginários é um fenómeno normal em crianças com um comportamento e personalidade elaboradas.

- costumam aparecer desde os 2-3 anos até aos 7-8 anos
- é mais comum nos primeiros filhos ou filhos únicos
- pode estar associado a crianças que convivem pouco com outras crianças ou que vivem num ambiente demasiado adulto
- está associado a crianças muito criativas e muito fantasiosas
- crianças com amigos imaginários têm tendência a ser jovens criativos, com maior empatia e boas habilidades linguísticas
- quanto maior a criatividade e fantasia da criança, maior a probabilidade de ter um amigo imaginário
- os pais devem "conhecer" os amigos imaginários e prestar atenção às suas conversas
- as crianças devem preferir sempre brincar com os amigos reais


8.1.18

Furar as orelhas

A 3 meses de cumprir 4 anos, a Maria Victória ainda não tem as orelhas furadas. Agora sei que devia tê-lo feito quando era bebé, pois agora é bastante mais complicado. Nunca o quis fazer porque não lhe queria infligir um sofrimento desnecessário em prol de um motivo fútil. Sim, as meninas ficam lindas, há brincos lindos, identifica-se facilmente uma menina pelos brincos... para mim, nunca teve qualquer importância.

A Maria Victória é muito vaidosa e feminina. Gosta de laços, folhos e cor-de-rosa. Naturalmente, gosta de brincos e outros acessórios. Outras pessoas também perguntam porque sim e porque não e hoje levei-a ao sítio que me parece mais indicado para lhe furar as orelhas.

Na loja Claire's furam as duas orelhas em simultâneo e acho que é o ideal para estas crianças. Não estou a ver a Maria Victória querer furar a outra orelha depois de ter furado a primeira. Pareceu-me bastante entusiasmada, mas o facto de as meninas da loja quererem, compreensivelmente, que ela estivesse quieta, enviabilizou tudo. Foi essa pequena hesitação que a fez ter medo e querer desistir.

Não há problema algum. Não quero forçar nada. São apenas uns brincos. Quando ela quiser muito, ela vai querer ir e eu vou estar com ela, a dar-lhe a mão. E vai ficar tão linda com brincos como fica sem brincos.

30.12.17

Festa de Natal da escola 2017

A poucas horas do ano de 2017 findar, acho que tenho que actualizar alguma informação ou a filhota não me vai perdoar. A Festa de Natal da escola já aconteceu há quase 2 semanas e ainda não houve tempo para o documentar aqui. É que com a festa vieram as férias e férias com a Maria Victória em casa significa que não há tempo para mais nada.

A festa de Natal foi espectacular. Confesso que não tinha grandes expectativas, tendo em conta que é uma pequena escola numa aldeia dos arredores de Vila Real. Mas com a boa vontade de alguns conseguiu-se um espectáculo muito bonito para as nossas crianças. Só nos foi pedido que meninas fossem de calças de ganga e camisola branca e meninos de calças de ganga e camisola vermelha.


Ora, a Maria Victória é uma artista nata! Em casa, está sempre a dançar, a cantar, já faz as suas próprias versões e letras, brinca imenso de faz de conta e tudo é um espectáculo para ela. Assim que chegámos ao local, levei-a para ser preparada e começou a choradeira. Queria que eu estivesse sempre com ela! O facto de ter esperado algum tempo até a performance ter começado pode ter tido alguma influência. Pior do que ela só mesmo uma menina que, pelo 2º ano, não vai à escola porque chora no primeiro dia de aulas e a I. que passou o espectáculo ao colo da mãe e não participou. Os outros meninos portaram-se mesmo bem! A sala estava cheia de pais e familiares e isso também pode ter aumentado o nervosismo. 



Por incrível que pareça, apesar de chorar, a Maria Victória fez tudo o que lhe competia. Pobrezinha... 





















O turning point deu-se durante um compasso de espera entre actuações. Estava a dar a música All I want for Christmas, da Mariah Carey, e ela foi mexendo o pézito, depois a perna e depois já era a Maria Victória de sempre. A partir daí, começou a aproveitar a festa. Realmente, os miúdos são capazes de coisas incríveis! Foi lindo! E os professores estão todos de parabéns, pois foram eles que puseram o espectáculo de pé. E as mamãs dos meninos do Jardim de Infância também contribuíram com qualquer coisinha... 


Para além de todas as atuações, também houve uma peça de teatro protagonizada pelos Estropícios Animações. Foram momentos muito divertidos, até porque a determinada altura a personagem Perlim transformou-se em Pai Natal e distribuiu presentes por todas as crianças!

 


Depois, seguiu-se um mega jantar para o qual colaboraram todos os pais e foi uma excelente oportunidade para que todos pudéssemos conviver mais um pouco. 

É uma escola muito pequena (Jardim de Infância e 1º ciclo), tem um ambiente muito familiar, quase caseiro, um corpo docente excelente e assistentes operacionais muito dedicados, a comunidade está toda envolvida, a Junta de Freguesia é uma parceira de peso e os meninos andam felizes! Meninos felizes. Pais felizes!



14.11.17

Porque é que as crianças de 3 anos são tão felizes?

No outro dia apareceu-me um vídeo motivational no facebook e, por mais que o procure, não consigo encontrá-lo outra vez. O orador explicava porque é que as crianças de 3 anos são tão felizes. E é um facto! Eu tenho uma criança de 3 anos e meio e está feliz a maior parte do tempo. Mesmo quando faz aquelas birras monumentais, rapidamente retoma o seu sorriso e boa disposição. A explicação para isto, segundo o tal orador, reside no facto das crianças de 3 anos (gostava que se prolongasse e que não se ficasse pelos 3!) viverem apenas o momento presente, o agora. Elas não projectam o futuro, nem relembram o passado. O importante é o que acontece AGORA. Por isso é que mesmo que lhes tenhamos dado uma grande bronca, elas esquecem logo e põem-se logo aos beijos e abraços. Elas também não pensam no que poderia ter sido e não foi. Mesmo que o façam, não ficam muito tempo nisso. O segredo para a felicidade está mesmo nos nossos filhos e só temos que aprender com eles, vendo-os viver a sua vida. Se pensássemos como eles, não haveria ansiedade nem depressão, não haveria expectativa nem desilusão.

7.11.17

Saídas à noite sem filhos


Há umas semanas, o meu grupo de amigos realizou a 3º edição da Disco Night Out Without Kids. No primeiro ano, não fui porque a minha menina tinha poucos meses. No ano passado fui ao jantar e este ano corri para ela logo depois do jantar, de novo.
Não sei como acontece convosco, mas contam-se pelos dedos as vezes que eu deixei a minha filha à noite. E de todas essas vezes que saí, fui dormir a casa com ela. Foi uma opção minha e já começo a perceber que foi uma má decisão. De qualquer das formas, acho que estas iniciativas são interessantes para pessoas que, como eu, não largam os filhos ou não têm com quem os largar.
Desta vez, conforme nos fomos sentando no restaurante, tivemos que reorganizar os lugares porque claramente as mulheres estavam a falar de assuntos diferentes dos dos homens e já havia muitas cabeças a desviarem-se. Então, e apesar de eu ser sempre contra esse tipo de segregação, ficaram mulheres para um lado e homens para outro.
O mais engraçado é que foi um jantar sem filhos, no entanto eles dominaram as conversas, pelo menos do nosso lado. Foi a noite toda a falar dos filhos, das ites, da escola, das actividades extra-curriculares... E adorei, claro! Há lá assunto melhor para passar uma noite sem filhos? Não estavam presentes, mas era como se estivessem.
Desta vez, confesso que já me me apetecia ter ficado até mais tarde, ir até um bar ou discoteca, beber um copo... Mas a criança não estava a dormir sem mim e não consegui ficar. Por acaso, quando cheguei ela tinha acabado de adormecer e já me senti imensamente culpada por lhe ter atrasado tanto o sono.
Admito que a culpa é toda minha. Foi muito habituada a passar as noites comigo e agora que me apetece sair um pouco custa-lhe imenso...