19.1.17

Tocofobia

Há uns dias, recebi uma mensagem no facebook de uma mulher que me perguntava se eu tinha tocofobia. Eu disse-lhe que sim, que até já tinha escrito sobre isso quando estava grávida (texto aqui), mas que já tinha ultrapassado mais ou menos esse medo com o nascimento da minha filha. Então, ela diz-me que eu não devo ter tocobia porque consegui ter um filho. Ora, para quem não sabe, a tocofobia é o medo irracional da gravidez e do parto.

Depois dessa mulher ter lido o meu texto, disse que parecia que tinha sido escrito por ela, mas ao longo da conversa que tivemos pude perceber que o caso dela era muito mais sério do que o meu. Ela tinha a minha idade, 38 anos, queria muito ser mãe, já tinha estado grávida, mas abortava sempre. E abortava de propósito, tal era o pânico de estar grávida. Vivia completamente amargurada, culpada e infeliz pelo que tinha feito e com uma série de comportamentos mais ou menos incompreensíveis (enfia-se dentro do armário, cospe a cama toda). Realmente, este caso de tocofobia era muito mais severo do que o meu, mas ainda assim esta mulher sentiu-se felicíssima por ter encontrado alguém que conseguia compreender o seu sofrimento. Confesso que os abortos que ela fez me chocaram, mas eu também não estava no seu lugar. Eu não sei o que é ter o seu sofrimento. Só sei que ela quer muito ser mãe e terminámos a conversa com outro tom. Havia esperança nas suas palavras e uma decisão de ser mãe.

Eu espero tê-la inspirado com o meu pequeno exemplo de superação, se é que lhe posso chamar isso. Superação no sentido de ter conseguido arranjar forças para ter decidido engravidar. O mais difícil é mesmo a decisão porque, no meu caso, tudo o resto foi muito fácil. A gravidez vai-nos dando hormonas que ajudam a enfrentar a gravidez com alegria e felicidade e também fui muito abençoada no parto. Nada traumático! O que eu temia não aconteceu. Se fiquei curada? Não, fiquei. Continuo a recear o medo, mas agora já tenho a vantagem de saber o que uma gravidez e um parto trazem - o maior amor do mundo. Lembro-me de ter uma grande amiga grávida quando a minha menina era ainda um bebé pequenino e eu só lhe dizia, aliviada: "A minha já está fora..." Claro que ela me chamava uns nomes feios na hora, mas eu sentia mesmo pena de ela ter ainda de passar pelo parto.

As pessoas que têm este medo irracional devem procurar ajuda profissional. Se o desejo é ter filhos, acreditem que vale a pena enfrentar o medo. Não se sintam sozinhas!


18.1.17

A RENA GRÁVIDA

Numa floresta, uma rena grávida estava prestes a dar à luz. Ela encontra um campo relvado, próximo de um rio que corria vigorosamente. Este parecia ser um lugar seguro. 

De repente, as dores do parto surgem. Ao mesmo tempo, nuvens escuras surgem no céu e um raio dá origem a um incêndio na floresta. Ela olha para a sua esquerda e vê um caçador com a sua seta apontada para ela. Olha para a sua direita e vê um leão esfomeado a aproximar-se. 

O que pode a rena grávida fazer? Ela está em trabalho de parto! O que irá acontecer? Será que a rena vai sobreviver? Será que vai conseguir dar à luz a sua cria? Irá a cria sobreviver? Ou será que tudo será calcinado pelo fogo da floresta? Será que morre pela seta do caçador? Ou terá uma morte horrível às mãos do leão faminto que se aproxima dela?  

Está limitada pelo fogo por um lado e pelo rio por outro e engaiolada pelos seus predadores naturais. O que é que ela faz? Ela foca-se em dar à luz uma nova vida! A sequência de eventos é a seguinte: 

- um raio cai e cega o caçador
- ele lança a seta e atinge o leão esfomeado
- começa a chover e o fogo diminui drasticamente por causa de chuva
- a rena dá à luz uma cria saudável. 

Também na nossa vida há momentos de escolha, quando somos confrontados por todo o lado com pensamentos e possibilidades negativas. Alguns pensamentos são tão poderosos que nos engolem. Talvez possamos aprender com a rena. A prioridade da rena, naquele momento preciso, era simplesmente dar à luz aquela cria. O resto não estava nas suas mãos e qualquer acção ou reacção que alterasse o seu foco poderia resultar em morte ou desastre. 

Pergunta-te. Qual é o teu foco? Onde está a tua fé e esperança? No meio de qualquer tempestade, mantém a fé sempre. Esta nunca te irá desiludir. Nunca. 


17.1.17

Os nossos dias

Ultimamente, venho aqui apenas para me desculpar pela ausência. Provavelmente, ninguém notou a ausência, mas eu sinto a falta de escrever. Na verdade, escrevo longos depoimentos... na minha cabeça. Seria bom já terem inventado um dispositivo que transcrevesse aquilo que nos passa pela cabeça. Ou talvez não seja assim tão boa ideia. Todos temos aqueles pensamentos que é melhor ficarem para nós...
Não sei se tenho falta de tempo ou se tenho apenas falta de organização para escrever. O facto é que não escrevo e isso não quer dizer que não se passe nada nas nossas vidas. Deve ser isso, então! Passa-se imensa coisa ao mesmo tempo e eu ando a viver isso tudo. Também não tenho ninguém que me venha aqui escrever os posts, que me tire fotos glamourosas, que me patrocine com ofertas fantásticas... 
Ter uma criança que se aproxima vertiginosamente dos 3 anos, 2 trabalhos, obras em casa, obras na nova casa, viver com ansiedade, com um marido e 2 gatos... uff cansei-me... bom, esta é provavelmente a vida menos glamourosa da blogosfera. Esta nunca foi uma prioridade. Nunca me senti glamourosa nem tenho pretensões nesse sentido. Aqui somos todos normais e eu apenas me lembrei de registar a minha gravidez, até mais para desabafar do que para registar para memória futura. 
Agora também me apetece desabafar, mas o tempo (ou falta de organização) escasseia. Não consigo acordar muito cedo porque tomo medicamentos à noite que me fazem dormir. Mas não durmo porque a minha princesa acorda pelo menos 2 vezes por noite para beber leite (e mudar a fralda). E eu acordo. Logo, a medicação não pode cumprir o seu propósito e eu não vou contrariar as necessidades da minha filha. Então, acordamos por volta das 9 e a minha filha fica comigo até às 11 ou 12. Trabalho em casa e, nesse período, tenho que equilibrar criança com e-mails e sistema e pequeno-almoco e Mickey e plasticinas e xaropes... cansei-me de novo. É atarefado, sim, mas adoro poder vê-la acordar e não ter que a preparar apressadamente para a levar ao infantário. Quando, finalmente, ela vai para casa dos avós, posso voltar a dedicar toda a minha atenção ao trabalho e a mim. Mas como a manhã entretanto já passou, como sempre qualquer coisa à pressa, tomo um banho muito rápido (ou nem tomo), trabalho mais um pouco e logo saio para o trabalho número 2. Por trabalhar em casa há muitos anos, senti agora a necessidade de sair um pouco. E vou dar aulas privadas num centro de estudo. Apesar de ao fim da tarde já estar exausta, ainda vou ensinar os filhos dos outros. E que bem que isso me tem feito. De facto, as crianças só trazem coisas boas, independentemente da idade. Por volta das 7, saio a correr para a minha criança que me aguarda cheia de saudades. E eu dela! A maior parte das vezes, não cozinho. Ou jantamos em casa dos avós ou mandamos vir qualquer coisa. Como a menina já jantou nos avós, não me preocupo muito com a nossa alimentação. E isso reflecte-se na nossa saúde, claro. Lá está mais uma evidência de que não sou nada organizada. Assim que chegamos a casa, já só me dedico à minha filha. Só há tempo para banhos e brincadeira. 
Estou à espera de mudar para a nova casa para poder fazer alterações profundas a estas rotinas. O facto de ela ir para a escola logo de manhã é capaz de provocar alterações suficientes para eu ter de me organizar melhor. 
No meio disto tudo, só posso dizer que sou uma felizarda pela filha que Deus colocou nas nossas vidas. Acordar todos os dias com esta benção faz tudo valer a pena. 




21.12.16

Vencedora passatempo de Natal

A vencedora do passatempo de Natal é a Marieta Dinis. Muitos parabéns e Feliz Natal!!

14.12.16

Leite anti-obstipação

Volta e meia cá venho eu falar de cocó. Mas só quem tem obstipação ou filhos com obstipação percebe a angústia de não ter um trânsito intestinal saudável.
Desde a última vez, em que falei sobre as maravilhas do Movicol, já descobri uma forma menos drástica e mais natural de regular o intestino da Maria Victória.
Tendo em conta que ela ingere muitas fibras presentes nos legumes e frutas e bebe muita água, não havia muito mais a fazer. O Movicol é óptimo para resolver o problema da obstipação, mas não é o mais indicado para uso diário.
A pediatra falou-me, então, do leite Mimosa Bem Especial Fibras. A Maria Victória tomava o Nan 4, mas a pediatra achou que não havia qualquer necessidade de tomar aquele leite, pois estava a crescer bem e sem problemas de peso. Troquei de leite e a verdade é que, desde que toma o leite Mimosa Fibras, nunca mais passou um dia sem fazer cocó. Aliás, há vários dias em faz duas vezes. Faz sem esforço e já não tem medo de fazer cocó.
Já uma mãe me tinha falado neste leite na página do Facebook, mas infelizmente só lhe dei um pacote e, como é óbvio, não resultou. É preciso insistir um bocadinho e esperar uns 2 ou 3 dias.
Experimentem e digam-me o que acham.

13.12.16

Falta de tempo para escrever

Já não escrevo aqui há mais de um mês. Peço desculpa a quem me lê e, mais importante que isso, a quem me lerá: a minha filha.
Quando comecei este blogue, fi-lo por mim. Precisava de falar sobre as emoções que a gravidez me estava a trazer. Entretanto, o meu amor nasceu e passei a escrever sobre e para ela. Acho que ela vai gostar muito ler esta nossa aventura.
Depois, fui ficando doente, a minha ansiedade generalizou-se e deixei de sair de casa. Sem entrar em grandes detalhes porque ainda não consigo, a coisa ficou mesmo grave. E precisei de me tratar, por mim e pela minha filha. Houve muito sofrimento, muita luta e muita solidão a enfrentar isto tudo.
Há dois meses, o universo deu-me a oportunidade de trabalhar fora de casa. Faço o meu trabalho habitual durante todo o dia e, ao fim do dia, vou ensinar e acompanhar crianças, algo que não fazia há mais de 10 anos. Acumular dois trabalhos fez-me esquecer da minha ansiedade porque simplesmente não tenho tempo para pensar em nada. Estou sempre a correr, ganhei auto-estima, conheci pessoas novas fantásticas e valorizei muito mais o tempo que tenho para mim e para os outros.
Desde que a minha filha nasceu que só (SÓ) vivi para ela. Tudo ficou relegado para 2º, 3º, 4º plano, inclusivamente eu. E isso não podia ter acontecido. Só agora percebo que eu devia ter-me amado mais e isso não beliscaria jamais o meu amor pela minha filha.
Apesar de andar cansadíssima, ando mais feliz. A Maria Victória fica comigo e com o pai em casa até às 11 da manhã, depois vai para casa dos avós. Faço o meu trabalho e, ao fim do dia, quando já estou cheia de saudades da minha princesa, vou para o segundo trabalho, tomar conta dos filhos dos outros e ensinar-lhes Português e Inglês (e o que puder). Assim que saio, por volta das 7, já só penso em Maria Victória. Todo o tempo é para ela e já não há tempo para o blogue.
Por muito que lamente não ter documentado estes últimos tempos, sei que o mais importante é estar com ela e viver plenamente cada minuto com ela. Quando ela adormece já só me apetece dormir também. Obrigada por continuarem desse lado, apesar da ausência.