18.4.16

2º aniversário da Maria Victória

Minha querida filha,

Há dois anos, a esta hora, já estávamos sozinhas no quarto da maternidade do hospital de Vila Real. Tinhas nascido há três horas e eu estava tão assustada! Só queria que não acordasses, pois nem sabia bem o que fazer contigo. Estávamos só tu e eu. Tirei-te uma fotografia de luz apagada, sem flash para não incomodar. Não se vê nada. Lembro-me de achar que estavas muito longe e sozinha no berço e mantive-te junto a mim a noite toda. Respirámos o mesmo ar e até isso me assustou.
Estiveste 36 semanas na minha barriga, a adormecer, dormir e a acordar comigo. E assim tem sido todos os dias destes dois anos. Sempre juntas, como é suposto ser. E quando não quiseres estar tão perto, cá estarei para aceitar. Com uma dor profunda, mas aceitarei. É assim que tem de ser, não é?
Uma vez li que ser-se mãe é nunca mais se poder morrer. E isso resume muita coisa. Uma mãe, já dizia Vinícius de Moraes, não deve morrer nunca. Seja qual for a nossa idade, a mãe faz sempre tanta falta... E, agora, não posso morrer. Não por mim, mas por ti. Quero estar sempre ao teu lado, ver-te crescer e precisar cada vez menos de mim. 
Minha filha, espero tomar sempre as melhores decisões para e por ti. Se algum dia não o fizer, quero que saibas que as mães também erram e não erram por mal. Apenas erram porque são humanas e falíveis. 
O amor que por ti sinto ultrapassa as palavras que conheço para o descrever. Não sei mesmo como defini-lo. É uma coisa visceral, pela ligação física, mas também é divina, pela função que Deus me deu. E é isso... Deus pediu-me que cuidasse de ti e essa passou a ser a minha missão na vida. Estou sempre aqui. Mesmo que não precises e não queiras, cá estou eu.
E, até já. Quando me chamares, lá vou eu para a tua cama e vamos acordar juntas. Até tu quereres.

A primeira foto.

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