23.8.14

As outras mães

Como vivo numa cidade pequena, facilmente encontro as mesmas pessoas nos locais que frequento. Há um casal, com um bebé pouco mais velho do que a Mia, que vai os mesmos restaurantes. De todas as vezes, vejo o pai a trazer o carrinho e a posicioná-lo ao seu lado. "Conduzir" o carrinho do bebé é uma coisa que, habitualmente, os homens gostam de fazer. É, mais ou menos, como ter o poder sobre o comando da televisão. Ou a ilusão de que têm esse poder. Ora, o que não é tão habitual é ver o homem ficar com o bebé ao seu lado e prestar-lhe todo o tipo de assistência durante o jantar, enquanto a mãe janta calmamente. Não é habitual, nem é errado. Provavelmente, a mãe já fica com o bebé durante todo o dia e noite, e esta é uma forma de poder relaxar um pouco. O pai pode ser um pai do tipo mãe (também conheço muito poucos) e fazer questão de cuidar do seu filhote, tal como a mãe. Só não acho habitual. De todas as vezes que os encontrei, o bebé chorava sempre. Das outras vezes, levava a Mia comigo e nem prestava muita atenção porque tinha com quem me ocupar. Hoje, a Mia não foi e tive a oportunidade de observar tudo com calma. Sentaram-se mesmo ao nosso lado. Novamente, o pai ficou com o bebé e a mãe do lado oposto da mesa. O bebé chorou a noite toda. O pai ia abanando o ovo na tentativa de sossegar o bebé. Nada. O bebé estava desesperado. A mãe comia a sua refeição, falava ao telefone, não se mexeu do lugar. As outras pessoas do restaurante já olhavam para lá porque o choro do bebé simplesmente não terminava. Eu evitava olhar porque não queria constranger os pais. Não bastava terem o filho naquele estado e ainda levarem com os olhares de estranhos. O que me apetecia fazer era levantar-me, pegar naquele bebé ao colo e tentar sossegá-lo. Acho que de todas as vezes que fui jantar fora com a Mia houve sempre um ou outro momento em que tive que segurar nela ao colo e lá ia comendo só com uma mão. Os restaurantes têm muito barulho, muita gente e é natural que os bichinhos não consigam descansar. Aquele menino não estava bem. Por fim, uma hora depois de terem chegado, a mãe levanta-se e troca de lugar com o pai, pega no seu filho ao colo e (surpresa!!!) o bebé sossegou e até sorriu. O bebé só queria a mamã e ela negou-lhe isso aquele tempo todo. Eu não gosto de julgar as outras mães porque elas é que conhecem os seus filhos e sabem como se sentem e os querem educar, mas o meu instinto de mãe só me dizia que devia ir pegar aquele bebé no colo. Não quero saber se se vão habituar ao colo ou não, se vão ficar mimados ou não. Para mim, um bebé não deve chorar. Se chora é porque está mal e, se está mal, não pode estar. Há muito tempo, quando forem mais crescidos e realmente perceberem as coisas, para os educarmos. Não querendo criticar, mas já criticando, a atitude passiva daquela mãe chocou-me. Primeiro, porque se procurava ter uma noite relaxada não conseguiu. Nem ela nem ninguém. Segundo, e mais importante, ela não esteve à altura das necessidades do seu bebé. Eu sei que sou uma exagerada, mas não consigo ser de outra forma. A minha filha suspira e eu estou logo em cima dela. Sou uma mãe ansiosa, mas tenho uma bebé muito calma. E, vocês, como são? Identificam-se com a mãe do restaurante?

1 comentário:

  1. Conosco funciona um pouco como descreveste em cima. Como eu passo o dia com ela, geralmente quando saímos o pai é que se "encarrega" dela, não só para eu descansar mas para ele próprio participar.Mas reparo que muitas mulheres olhgam curiosas quando almoçamos ou jantamos fora e ele é que lhe dá a sopa e vai ajudando na refeição. Eu também o faço mas deixo-o tomar parte ativa e a meu ver é assim que deve ser. Claro que nenhum de nós está impávido e sereno se ela chora ou precisa de alguma coisa.

    xoxo
    cindy

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